Apresentação

Até bem recentemente, o principal slogan reivindicado pelo Amapá, no contexto nacional e mundial, era o de ser o Estado mais preservado do Brasil. O fato de possuir 73% de seu território constituído por unidades de conservação e terras indígenas demonstrava ser o seu mais importante diferencial quando comparado aos demais Estados integrantes da federação. A irrisória participação do Estado no PIB nacional se justificava aparentemente em função de sua propalada vocação ecológica. A mineração, a produção de cavaco de eucalipto, as polpas de frutas e outras pequenas atividades produtivas representam os principais itens da pauta de exportações amapaense.

O pagamento pela prestação de serviços ambientais, o aproveitamento sustentável da biodiversidade e o ecoturismo apresentam-se com possibilidades de desenvolvimento econômico dentro da configuração fundiária estadual, que se caracteriza majoritariamente pelo elevado percentual de áreas protegidas.

Contudo, em pouco tempo, o Estado passou a despontar em função de outras potencialidades de relativa importância para o conjunto da economia nacional e mundial.

  1. O avanço do cultivo de soja no cerrado amapaense estimulado pelo interesse de grandes grupos empresariais. A área plantada de grãos passou de 2,4 mil para 10 mil hectares entre os anos de 2012 e 2013 e, a produção de grãos passou de 7,6 mil toneladas para 25 mil toneladas no mesmo período, segundo o jornal Valor Econômico (14.04.2014).
  2. O porto de Santana passou à condição de entreposto comercial de considerável importância para o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste brasileiro, notadamente a soja do Estado de Mato Grosso.
  3. A realização da 11ª Rodada de Licitações de Petróleo e Gás, na qual o consórcio formado pela Total E&P (40%), Petrobras (30%) e BP (30%) arrematou o bloco Foz do Amazonas Marítimo 57 (FZA-M-57), pagando R$ 345,9 milhões – o maior bônus pago por um único bloco na história dos leilões, de acordo com informações da ANP.
  4. O Governo do Estado Amapá divulgou no mês de maio deste ano, a decisão de investir na criação de uma Zona de Processamento de Exportação – ZPE, com a finalidade de aproveitar a rota de escoamento de produtos para exportação. A efetivação de mais um Regime Aduaneiro Especial no Amapá contribuirá também, em grande medida, para a verticalização de cadeias produtivas locais.

O desenvolvimento dessas atividades modificará profundamente o perfil econômico do Estado, assim como também sua configuração social e ambiental. Concomitante ao recorrente debate sobre Áreas Protegidas no Amapá, passamos a discutir exploração de petróleo e gás, o plantio de soja, o escoamento da produção de grãos, e outras atividades produtivas e comerciais advindas da expansão do agronegócio.

Outros segmentos econômicos também podem ser incluídos no dinamismo da nova conjuntura, como é o caso da expansão do setor da construção civil. A construção de três Usinas Hidrelétricas no Estado, a execução do Programa Minha Casa Minha Vida do governo federal, e a proliferação de projetos de Condomínios Habitacionais, principalmente às margens das rodovias JK e Duca Serra, entre os municípios de Macapá e Santana indicam o cenário atual.

O III Encontro de Ciências Ambientais do Amapá (III ECAAP) promoveu o I Colóquio de Ciências Ambientais do Amapá, que permitiu a professores e alunos de diversas instituições de ensino do Amapá de divulgarem resumos expandidos de seus trabalhos dentro de 6 áreas temáticas: Desenvolvimento local; Desenvolvimento econômico e Impactos ambientais; Instrumentos de Gestão, Saneamento e políticas ambientais; Desenvolvimento econômico, sustentabilidade, vulnerabilidade e sociedade; Políticas públicas, meio ambiente e desenvolvimento; Educação, sociedade e meio ambiente

Este livro de resumos traz os trabalhos apresentados no I Colóquio que, em conjunto com o III ECAAP, cumpriram o objetivo de provocar a discussão sobre a nova dinâmica econômica do Amapá, entendendo que o desenvolvimento das forças produtivas representa uma oportunidade objetiva para o fortalecimento de nosso reduzido sistema econômico, mas que precisam ser conduzidos com o necessário compromisso socioambiental.

Comissão Organizadora

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *