Pesquisa científica ajuda a identificar focos de chikungunya em Oiapoque

balla2Uma pesquisa científica desenvolvida por alunos do curso de enfermagem do campus binacional da Universidade Federal do Amapá (Unifap) em Oiapoque, distante 590 quilômetros de Macapá, ajudou a prefeitura a mapear o nível de infestação do mosquito Aedes aegypti, agente transmissor da dengue e chikungunya através de um método que mede a quantidade de ovos depositados por fêmeas do mosquito em bairros da cidade. Os resultados do estudo ajudaram a Secretaria Municipal de Saúde a atuar nas áreas em situação mais crítica.

Segundo o professor Arnaldo Balarini, especialista em epidemiologia, os experimentos começaram há três meses, antes de o vírus chegar à cidade através da fronteira com a Guiana Francesa. Inicialmente, o estudo tinha o objetivo de medir a densidade vetorial do município com base nos índices de dengue e malária, doenças consideradas comuns na região.

balla3“Quando surgiram os primeiros casos de chikungunya, vimos que as autoridades ficaram em alerta por ser um vírus novo no estado. Foi a partir daí que começamos a fazer o controle vetorial no município”, reforçou o professor.

Para fazer o levantamento dos focos foram colocadas 40 armadilhas no interior de casas localizadas nos sete bairros do município. Cada objeto é feito com recipientes de plástico e uma palheta de compensado que é presa a ele.

Para iniciar os estudos, os acadêmicos colocaram na armadilha uma quantidade de água e na madeira uma espécie de substância que atrai o inseto para a armadilha. Depois de dois ou três dias as palhetas eram recolhidas e depois analisadas em laboratório. Segundo Balarini, a infestação é analisada de acordo com a quantidade de ovos encontrados no objeto. Ele explica que uma fêmea do Aedes aegypti tem capacidade de depositar até 30 ovos num tempo de vida de até duas semanas. Quando é encontrado um número superior na armadilha, aponta que a área estudada apresenta risco evidente de infestação. Os pontos pretos na superfície da palheta são os ovos do inseto.

“Os resultados são preocupantes em razão de 43% das armadilhas terem tido resultados positivos. Em cada palheta chegamos a encontrar entre 120 e 150 ovos eclodidos, além de larvas. Os resultados dessa pesquisa são suficientes para dizermos que estamos enfrentando uma grande epidemia da febre chikungunya”, afirmou.

ballaSegundo o levantamento, o bairro Planalto é o que possui o maior índice de infestação do agente transmissor da doença. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a área detém 50% das 315 notificações e dos 15 casos confirmados da febre em Oiapoque. O bairro foi um dos primeiros a receber a ação de limpeza e monitoramento de casas, promovida pela secretaria, Exército Brasileiro, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros.

A preocupação da prefeitura é com a chegada do inverno, onde são registradas maiores ocorrências de dengue e malária no município.

“Nós realizamos um estudo que aponta que 51% da malária registrada em Oiapoque vem da área urbana. Nessa pesquisa com o chikungunya detectamos a presença ativa do agente. O risco será maior para a população, pois há possibilidade de uma única pessoa adquirir chikungunya, dengue e malária ao mesmo tempo”, concluiu Balarini.

Fotos e texto: Cássio Albuquerque – G1 Amapá.