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“No futuro, o vídeo estará integrado à telefonia”

O gerente de comunicações unificadas da rede acadêmica australiana (AARNet) e coordenador do Global RealTime Communication (GTRC) eXchange, Bill Efthimiou, foi um dos destaques internacionais da programação do Fórum RNP, no debate sobre Mobilidade, no dia 28/8.

O Global RealTime Communication (GTRC) eXchange é um grupo formado no âmbito da iniciativa do Fórum Global das principais redes acadêmicas (NRENs) mundiais, tendo como proposta a criação de uma arquitetura multimídia de próxima geração com base no protocolo IP.

O objetivo é criar um ambiente em que as instituições conectadas em suas respectivas redes acadêmicas possam realizar conferências de maneira fácil e confiável. No GTRC, a RNP está tecnicamente representada pelo especialista em TIC Alex Galhano, convidado a representar a América Latina no Global NRENum.net Governance Committee (GNGC), que ainda está sendo formado.

Confira a seguir a entrevista exclusiva com Bill Efthimiou ao Entrenós.

Qual é o objetivo do Global RealTime Communication (GRTC) eXchange?

O Global RealTime Communication (GRTC) eXchange baseia-se em protocolo IP porque dá às redes acadêmicas a oportunidade de unificar suas forças, pois todas elas estão interligadas de alguma forma. Quando fazemos ligações de uma universidade na Austrália para uma instituição no Brasil, por exemplo, essa ligação trafega pelas redes que nós construímos. Por isso, baseamos tudo em protocolo IP, pois nos dá a oportunidade de reduzir custos para as instituições conectadas e também de criar uma plataforma que comporta “rich media”, compartilhada entre as universidades por pacotes de dados IP. Resumidamente, reduz as barreiras entre as redes acadêmicas e permite que as saídas PABX e infraestruturas de videoconferência integrem vídeo a essas ligações.

Quantas redes acadêmicas fazem parte do Global RealTime Communication (GRTC) eXchange?

Atualmente, 30 países participam da infraestrutura global. Mas o nível de engajamento de cada um varia, o que reflete no número de telefones e prefixos registrados, que podem alcançar de seis a sete a 50 a 60 mil números. Uma grande quantidade de dígitos indica que há muitas universidades ou instituições naquela região que estão participando. Por exemplo, na Austrália, temos 20 universidades participando da versão doméstica do tráfego e todas elas estão no âmbito global. Sendo assim, cada região ou país tem um grau de envolvimento e um número de instituições conectadas. A RNP faz parte de um grupo que ajuda redes acadêmicas em todo o mundo a se interligar no Global RealTime Communication (GRTC) eXchange e a se comprometer com a comunidade de ensino e pesquisa. Estamos tentando fazer isso através de eventos, marketing e documentos que ajudem os executivos a apresentar a proposta aos gestores das instituições.

Qual é o papel do Brasil nesse grupo?

O Brasil ocupa uma posição de destaque no Global RealTime Communication (GRTC) eXchange pelo trabalho feito ao longo desses últimos anos com o serviço fone@RNP. Muito já foi realizado, o que dá à RNP uma posição mais favorável para fazer com que as universidades adotem o serviço fone@RNP, pois elas podem automaticamente desfrutar dos benefícios em uma escala global. Aliás, a RNP foi o primeiro país não europeu a integrar o Global eXchange em maio de 2002, antes mesmo do grupo ser formalmente criado. Desde que o Brasil, Argentina, Austrália e Nova Zelândia se juntaram ao grupo, e à medida que outros países também façam parte dele, o Global eXchange apresenta grande potencial de crescimento. Estamos tentando fazer com que eles aprendam como se juntar ao grupo, como construir uma infraestrutura localmente, de forma doméstica, e conectá-la globalmente.

Usar apenas um número e ligar diretamente para uma universidade da Austrália, por exemplo, através do VoIP, é uma realidade próxima da rede acadêmica brasileira?

Sim, nós já atingimos isso com outros países e estamos trabalhando para que isso ocorra em outros lugares. Diria que o Brasil está muito próximo, pois estamos trabalhando em uma conectividade entre Brasil e Austrália. Quando isso acontecer, é importante lembrar que o trabalho mais difícil já foi realizado. Mas este é o nosso objetivo principal: quem estiver usando o fone@RNP poderá digitar um número, da mesma maneira que sempre fez, ele será redirecionado para as outras redes acadêmicas no exterior e conectado ao local de destino, em qualquer outro país. Além disso, é possível que o vídeo seja acoplado a essa ligação. Não apenas como na videoconferência tradicional, multiponto, onde você tem cinco ou seis pessoas, mas uma ligação telefônica ponto a ponto, como se espera que ela funcione. Depois de conseguir que o áudio funcione no telefone, não tem nada que nos impeça de acrescentar vídeo a essa ligação. Depende se as extremidades são capazes de transmitir, numa rede baseada em IP. É mais fácil de negociar numa ligação ponto a ponto. “Rich media” é outro fator-chave, além de cortar custos das ligações internacionais.

É dessa maneira que o serviço AARNet Unified Comunications eXchange funciona?

Os princípios são os mesmos do fone@RNP, mas o serviço da AARNet surgiu com o propósito das chamadas em vídeo. Não existia nenhum desejo de implantar ligações domésticas comuns na Austrália, pois não é algo que preocupa as universidades. Mas criar um serviço de chamadas em vídeo entre instituições foi o objetivo principal do AARNet Unified Comunications eXchange. O foco é fazer com que o vídeo funcione em: chamadas em vídeo, videoconferências tradicionais, MCUs e também salas de telepresença imersiva. A parte de engenharia é diferente da RNP, mas os princípios são os mesmos. Nós agrupamos as ligações da AARNet e entregamos ao Global eXchange com a mesma localização. Cada país tem metodologias diferentes para chegar ao grupo. O AARNet eXchange é oferecido para todas as instituições conectadas à AARNet, que se tornam automaticamente conectadas ao Global eXchange. Assim, elas podem fazer ligações para instituições brasileiras, por exemplo.

Qual sua opinião sobre os assuntos discutidos no Fórum RNP?

Fiquei impressionado com o nível de engajamento da comunidade acadêmica brasileira. No futuro, o vídeo estará integrado à telefonia. Essa separação tradicional entre os dois dentro de uma instituição vai deixar de existir. Hoje em dia, a telefonia pode ser modelada em plataformas de integração de mídia junto com o vídeo. À medida que as instituições amadurecerem e seus equipamentos PABX também, isso vai acontecer. Além disso, existem outras tecnologias que são novas, como WebIRC, que tornarão as chamadas em vídeo mais fáceis, através do navegador. Para isso, é preciso adicionar outra tecnologia, como o fone@RNP, para entregar a ligação. Mas a aplicação web com certeza facilitará esse tráfego de dados. Acho que a comunicação no SIG do fone@RNP foi ótima, pois foi possível ouvir o feedback da comunidade acadêmica, como também é importante trazer as novas tecnologias lançadas no mercado e adequá-las ao que já existe.

Fonte: Entrenós RNP

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