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Estudo mostra alteração na foz do Rio Araguari que levou ao fim da pororoca

Conexão entre o Rio Araguari e o Rio Amazonas através do recente Canal Urucurituba causa importantes mudanças na paisagem do Baixo Rio Araguari que afetaram a hidrodinâmica e a qualidade da água no trecho estuarino.

 Estudo conduzido por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical – PPGBio mostrou que o aumento do Canal Urucurituba está provocando diversos impactos na região do Baixo Rio Araguari. Este fenômeno causou o fechamento da foz do Araguari para o Oceano Atlântico levando ao fim da famosa pororoca [1]. Outro impacto apontado no estudo foi modificação da hidrodinâmica local, com a redução de mais de 98% do fluxo que atingia o estuário, agora desviado pelo Canal Urucurituba para o Rio Amazonas. A qualidade da água também foi alterada no trecho a montante da nova conexão, com aumento da salinidade e sólidos suspensos que parece ter contribuído para o aumento do crescimento da vegetação na área da foz do Araguari.

O estudo é parte da tese do recém doutor egresso do PPGBio, Eldo Santos e seu orientador, Dr. Alan Cunha, ambos professores do Curso de Ciência Ambientais da UNIFAP, e é um resultado de forte integração com a graduação (com participação de três alunos do curso de Ciências Ambientais) e colaboração internacional com pesquisadores da Universidades de Miami (EUA) e de Ottawa (Canadá). O grupo de pesquisa teve o apoio financeiro do CNPq e FAPESP.

O trabalho foi publicado na revista Science of the Total Environment e está disponível desde dezembro de 2017: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S004896971733646X

Aumento do canal urucurituba

[1] Santos ES, Lopes PPP, Pereira HHS, Nascimento OO, Rennie CD, Sternberg LSLO´R & Cunha AC. (2018) The Impact of Channel Capture on Estuarine Hydro-Morphodynamics and Water Quality in the Amazon Delta. Science of the Total Environment 624:  887–899. https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2017.12.211

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Impactos da barragem“fio d’água” subestimados no Amapá

Um estudo feito por pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Tropical mostrou que os impactos ambientais das barragens do tipo “fiod’água” (barragens que geram energia com o fluxo de água do rio, ou seja, pela vazão com mínimo ou nenhum acúmulo do recurso hídrico) são subestimados [1]. Ofim de grandes hidrelétricas nos programas de desenvolvimento no Brasil foi aclamado como um sucesso para o desenvolvimento sustentável e para a conservação [2,3, 4]. Mas, os resultados de pesquisas ao longo de sete anos na bacia do Araguari mostraram que os impactos ambientais das substituições prováveis, isso é, impactos das barragens “fio d’água” são também subestimados [1].

Desde 2011, pesquisas desenvolvidas dentro do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical (PPGBIO) da Universidade Federal do Amapá estão monitorando tracajás (Podocnemis unifilis) ao longo de 147 km nos rios Araguari e Falsino. Os dados coletados pré (2011 e 2015) e pós (2016) preenchimento do reservatório da Usina Hidrelétrica Cachoeira Caldeirão servem para avaliar os impactos desse empreendimento.O equipe coordenado por Professores Dr. Darren Norris (darren.norris@unifap.br) e Dra. Fernanda Michalski (fmichalski@unifap.br) identificaram 106 sítios de nidificação de tracajás submersos após o preenchimento do reservatório. O sitio de nidificação submerso mais distante foi um sitio, localizado a 57,4 km da barragem e 20,2 km a montante do limite de impacto direto definido pelo estudo de avaliação de impacto ambiental.

O resultado detalhado da pesquisa encontra-se na publicação de 08 de janeiro de 2018, no periódico PeerJ ( https://peerj.com/articles/4228/ ).

FigDarren

[1] Norris D, Michalski F, Gibbs JP. (2018) Beyond harm’s reach? Submersion of river turtle nesting areas and implications for restoration actions after Amazon hydropower development.PeerJ 6:e4228 https://doi.org/10.7717/peerj.4228

[2] https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/meio-ambiente/205653-lobby-ambiental-e-indigenista-faz-brasil-desistir-de-barragens-hidreletricas-na-amazonia.html?utm_source=parceiros&utm_medium=rss#.WlO3RDfQ_IU

[3] https://oglobo.globo.com/economia/fase-de-grandes-hidreletricas-chega-ao-fim-22245669

[4] https://news.mongabay.com/2018/01/brazil-announces-end-to-amazon-mega-dam-building-policy/