Variação Linguística

O STATUS DE TRÊS TIPOS DE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO COMPLEXO DIALETAL APURINÃ (ARÚAK)

Bruna Padovani (UFPA)

Bruno Amaral (UFPA)

Rayssa Rodrigues (UFPA)

 

Este trabalho tem o objetivo de apresentar os tipos mais representativos de variação linguística atestada na língua Apurinã: fonológica, morfológica e a lexical. Apurinã é uma língua da família linguística Aruák, falada principalmente no sudeste do estado do Amazonas. Os instrumentos teórico-metodológicos utilizados nesta pesquisa incluíram o modelo de análise da sociolinguística variacionista (LABOV, [1972] 2008), da Dialetologia (RADTKE e THUN, 1998); os métodos da linguística de corpus (BIBER, CONRAD e REPEPEN, 1988) e da linguística histórica (CAMPBELL, 1999). Discutiremos neste trabalho acerca de alguns aspectos pertinentes à variação linguística em Apurinã, objetivando determinar quais são os fatores linguísticos e extralinguísticos que motivam a existência da variação na língua. As variações fonológicas em Apurinã se caracterizam pela variação entre consoantes e, principalmente, pela variação entre vogais, e também quanto à posição da vogal nasal, a exemplo da presença ou ausência da fricativa glotal, /h/, no início de algumas palavras: o termo que designa ‘onça’ pode ser pronunciado como: /ãkiti/ ou /hãkiti/. Em relação às variações morfológicas, as principais variantes atestadas envolvem marcas pronominais de gênero: kũka / kũkary pica-pau’, onde o -ry designa o masculino, e o -ru o feminino; e o uso de nomes classificatórios: txuwiriãne-ke ‘gato maracajá’, em que o morfema final ke é o nome classificatório que designa nomes de forma fina, alongada e, em geral, flexível. Nessa palavra, -ke descreve propriedades do rabo do ‘gato maracajá’ semanticamente desnecessárias à identificação do animal (ao menos em contextos gerais em que essa propriedade não seja necessária à identificação do referente), e, portanto, redundante. A não inclusão desse nome classificatório na nomeação desse elemento não prejudica a sua identificação referencial. Por fim, a variação lexical envolve itens que apresentam aparente sinonímia em que mais de uma palavra é usada para se referir ao mesmo elemento conceitual. Um exemplo disso seria a forma como os Apurinã nomeiam o conceito ‘carneiro’. O mesmo conceito pode ser chamado de sutyawĩthe ou de manhitiawĩthe. A distinção na formação dos elementos compostos desse par de nomes é que o primeiro termo da sequência suty ‘veado roxo’ + awĩthe ‘chefe’ é diferente do primeiro termo da sequência manhiti ‘veado da capoeira’ + awĩthe ‘chefe’. Esse tipo de variação é geralmente motivado por relações metafóricas distintas envolvidas. São destes três tipos de variação que trataremos, identificando seus fatores línguísticos e extralinguísticos condicionantes, e determinando a distribuição de cada tipo nas diferentes variedades do Apurinã.

 Palavras-Chave: Variação Linguística, Dialetologia, Apurinã, Aruák.

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A norma culta como obstáculo na obtenção
da carteira nacional de habilitação do índigena

Marlene dos Santos Limieri Dualibe (UEMS-Campo Grande)

Natalina Sierra A. Costa (UEMS-Campo Grande)

Em pesquisas realizadas in loco, com objetivo de coletar corpus para iniciação científica em  2011/2012 e que culminaram nos artigos “Valorização das canções Indígenas (funeral e casamento): Uma abordagem Sociolinguística” e “Questões de língua e cultura na aldeia urbana Marçal de Souza”,  nos deparamos com a situação de diversos indígenas que, apesar de possuírem veículos, não tinham Carteira Nacional de Habilitação (CNH), com base nesses depoimentos, nos motivamos a aprofundarmos nessa questão para entendermos as reais conjunturas desse fenômeno, que segundo os indígenas, quando questionados, nos apontavam que a dificuldade de interpretação da língua portuguesa padrão presente nas provas teóricas do Detran (Departamento de Trânsito), seria o maior obstáculo, sendo que, o português dominado pelos indígenas questionados é uma variedade informal e por esse motivo não chegavam, se quer, às aulas práticas. Considerando tais fatos, nos empenhamos em levantar um aporte teórico da Sociolinguística Variacionista, cujo precurso Willian Labov (1972), fez uma conexão da língua em uso, a fatores sociais ao qual o indivíduo está inserido.  Para maior elucidação coletamos 06 questões teóricas em um site de simulação de avaliação do Detran, e elaboramos um questionário com 13 (treze)  perguntas, que foram entregues à 10 (dez)  voluntários, dos quais, apenas 06 (seis)  nos devolveram respondido, nosso próximo passo é conseguirmos  junto aos responsáveis pela elaboração das provas teóricas do Detran, possíveis dados e estatística que agreguem informações que nos auxilie a compor esse material para elucidação de tal circunstância, e por fim, com fundamentos nos resultados obtidos,  elaborarmos projetos que saiam das delimitações acadêmica e possam ter resultados práticos aos indígenas, afinal, Mato Grosso do Sul compõe o segundo estado com maior número de indígenas do país, totalizando 73.295 indígenas de diversas etnias. Com essa iniciativa, acreditamos na possibilidade de vialbilizar alternativas, que possibilite aos mesmos, regularizarem suas situações junto ao órgão responsável

Palavras-chave: habilitação indígena, sociolinguística variacionista, Detran.