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Análise sobre a aquisição da escrita na língua Mawé, como L1, e em Português, como L2,
dos alunos Sateré-Mawé da Licenciatura Intercultural da FACED-UFAM

Eloisa Carvalho (UFAM)

Raynice Geraldine Pereira da Silva (UFAM)

 Os estudos em linguística aplicada ao Ensino de Línguas abrangem, além do ensino de português para estrangeiros, o ensino do português para brasileiros falantes nativos de outras línguas. Nesse último, são cada vez mais crescentes os estudos em Libras e em Línguas indígenas. Esta pesquisa visa um estudo sobre aquisição e a produção escrita em português como L2 e da língua Mawé como L1 dos professores Sateré-Mawé da Licenciatura Intercultural oferecida pela Faculdade de Educação/UFAM. Silva (2010) ao tratar a competência linguística em português dos professores Sateré-Mawé, observou que mesmo com boa proficiência na fala, os professores associam a aquisição da escrita à língua portuguesa e apresentam grande dificuldade na aquisição da escrita da própria língua. Associando sempre o processo da escrita ao português. O presente estudo se baseia num modelo de pesquisa sobre os processos de aquisição da linguagem e estudos específicos sobre tais processos para povos indígenas, busca também explicar processos linguísticos refletidos no uso social da escrita das línguas analisadas e, portanto, apresentando-se como visão e conhecimento de mundo refletidos na produção textual dos professores indígenas. Considera-se nessa pesquisa a linguagem como ferramenta humana de comunicação constituída culturalmente por situações reais de uso.

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A presença indígena na obra Amapaisagens (1992):
um estudo dos termos regionais na Literatura Amapaense.

Tainah Marilia Souza Dos Santos (UEAP)

Orientador: Eduardo Vasconcelos (NELI-UNIFAP)

 Este trabalho tem como tema o estudo dos termos regionais encontrados na obra ‘Amapaisagens’ (1992), do autor Hélio Pennafort e tem como uns dos seus objetivos contribuir para a discussão sobre o processo de formação do português falado no Estado do Amapá e regiões adjacências. Inicialmente, foi feita uma pesquisa bibliográfica dentro da obra ‘Amapaisagens’ (1992), de Hélio Pennafort em que foram coletados termos regionais, para, em seguida propor definições e análise a estas palavras. Diante todo o trabalho de pesquisa, foi produzido um glossário com o significado desses termos, mostrando uma intensa relação com os crioulos guianenses, com as línguas indígenas da região e com as comunidades afrodescendentes, Exemplos: (1) Aticó: uma espécie de filé de peixe tão tenro que pode ser assado ao sol; (2) Juminã: igarapé que é afluente do rio Oiapoque, onde estão localizadas as aldeias do Kuñaña e Uahã, no município de Oiapoque; (3) Uaçá: palavra de origem indígena, que diz respeito a um tipo de caranguejo. É também o rio amapaense localizado no município de Oiapoque; (4) Tacarrí: espécie de vara longa utilizada como instrumento usado nas caças aos ovos de camaleão, jacaré e tracajá e, que fazem parte da culinária indígena; variação da escrita e pronúncia de ‘tacahi’ nome dado aos Palikur com a mesma definição; (5) Tafiá: espécie de aguardente, uma bebida muito forte de cor clara, originária da Guiana Francesa. Esse levantamento foi benéfico para compreensão mais ampla da identidade cultural e linguístico no Estado do Amapá. (Bolista PIBIC/UEAP).

 Palavras Chave: Termos Regionais, Amapá, Amapaisagens.

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Comparação entre Parkatêjê, Canela-Krahô e Kyikatêjê:
prefixos relacionais nos sintagmas verbais.

Sheyla da Conceição Ayan (UFPA)

Marília de Nazaré de Oliveira Ferreira (UFPA)

O objetivo deste trabalho é estabelecer a comparação entre as ocorrências dos prefixos relacionais, no caso dos verbos, nas línguas Parkatêjê e Canela-Krahô para verificar quais são as semelhanças e diferenças na ocorrência dos mesmos. Tratar de prefixos relacionais é sempre questão controversa, havendo posições distintas que vão desde a não existência desses elementos (Salanova, 2009). Neste trabalho, concordamos com a posição de Rodrigues (1986), para quem os prefixos relacionais tem a função de marcar a contiguidade ou não-contiguidade de um nome possuído ao seu possuidor; de um objeto a seu verbo e de um atributo ao seu sujeito. Segundo ele, é possível verificar esse fenômeno em línguas do tronco Tupi, Karib e Macro-Jê. Desta forma, observa-se a ocorrência desses elementos nas línguas em estudo, o Parkatêjê e o Canela-Krahô. Sobre a língua Parkatêjê, Ferreira (2003) afirma que os prefixos relacionais ocorrem, no caso dos verbos, com a função de marcar a relação entre os argumentos e os verbos intransitivos estativos e os verbos transitivos. De acordo com Popjes & Popjes (1986), há pelo menos três variações dialetais da língua Canela-krahô, que é falada em três comunidades, uma (Canela-Krahô) localizada à margem direita do Rio Tocantins entre os municípios de Itacajá e Goiantins, no estado do Tocantins; outra (Canela-Ramkokamekra) que vive a 50 Km ao sul de Barra do Corda no Maranhão, e por último aquela (Canela-Apãniekrá), que está localizada a 30 milhas a oeste da vila Canela-Ramkokamekra. O povo Kyjkatêjê, também vive na reserva indígena Mãe Maria (RRIM), assim como o povo Parkatêjê. Essas línguas Parkatêjê, Canela Krahô e Kyikatêjê pertencem ao tronco linguístico Macro-Jê, família Jê e ao complexo dialetal Timbira, as quais, de acordo com Ferreira (2003), são inteligíveis entre si em diferentes graus. Como metodologia de pesquisa, fez-se o uso de pesquisa bibliográfica por meio do trabalho de Araújo (1989), Ferreira (2003), Popjes & Popjes (1986), Souza (1989), Rodrigues (2000) e com base nos dados coletados por Barros (2012), que estão no acervo de Ferreira. (Bolsita CNPq)

Palavras-chave: Comparação. Prefixos relacionais. Sintagmas verbais.

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Estudo grafemático dos vocábulos dos Índios do Uaçá: O vocabulário Galibi de Curt Nimuendajú (1883-1945)

 Uisllei Uillem Costa Rodrigues (NELI-UEAP)

Orientador: Dr. Eduardo Alves Vasconcelos (NELI-UNIFAP)

No Amapá, encontram-se povos indígenas oriundos de três grandes agrupamentos linguísticos: Arwák, Karib e Tupí, além de falantes de línguas crioulas (GALLOIS; GRUPIONI, 2003). Atualmente, dentre os povos falantes de uma língua crioula podemos destacar os Galibi-Marworno que possuem como língua materna uma variação do crioulo falado na Guiana Francesa. O presente estudo tem por objetivo propor uma análise grafemática ao vocabulário Galibi coletado por Curt Nimuendajú (1833-1945), disponível na obra Die Palikur Indianer und ihre Nachbarn (Os Índios Palikur e seus Vizinhos), publicada em 1926. No ano anterior, este etnólogo empreendeu viagem na região do rio Oiapoque, que faz fronteira com Guiana Francesa e com o atual Estado do Amapá; até chegar à região do rio Uaçá onde estabeleceu contatos com os índios da localidade, permanecendo entre os índios Palikur e relacionando-se, também, com os índios vizinhos, alguns deles sem etnônimos, assim como os Galibi que, somente adotaram essa denominação em 1940. Esses índios vizinhos apresentavam uma composição linguística diversificada devido a sua história de constituição enquanto povo. A língua franca utilizada pelos povos do baixo Oiapoque apresenta reconhecidamente diferenças fonéticas entre aquela falada pelos Karipunas. Apesar de saber-se que existem diferenças em aspectos fonéticos e lexicais entre o crioulo indígena e negro da Guiana Francesa não há, ainda, estudos aprofundados sobre este crioulo que prevaleceu em uso em detrimento de outras línguas usada pelos Galibi-Marworno. Na ocasião Curt Nimuendajú conseguiu coletar um extenso vocabulário dos Palikur, outros dois menos extenso dos Galibi e dos Aruã, além de dois itens lexicais dos Maraon. Neste estudo, o vocabulário Galibi, é analisado considerando a transcrição adotada por Nimuendajú para este registro e a relação com a sua língua materna, o alemão, bem como a larga experiência desse etnólogo nos registros de língua indígenas. A análise grafemática é a etapa inicial para o estabelecimento de um sistema fonológico tentativo da língua que foi falada pelos Galibi-Marworno no início do século XX e suas peculiaridades, a fim de se aprimorar os estudos sobre as línguas indígenas do Amapá e sua históriae.

Palavras-chave: Estudo grafemático. Índios Galibi-Marworno. Curt Nimuendajú.

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Os verbos na Língua Kheuól

Paola Oliveira (NELI-UNIFAP)

Orientador: Antonio Almir Silva Gomes (NELI-UNIFAP)

 Minha pesquisa é voltada para as classes gramaticais da língua Kheuól falada pelos indígenas das etnias Galibi-Marworno que a utilizam como língua materna e os Karipuna que a utilizam como segunda língua; ambos residentes na Terra Indígena Uaçá, no município de Oiapoque, estado do Amapá. O Kheuól é o resultado de influências do Francês e “em menor grau” da Língua Portuguesa sobre o Galibi Antigo falado pelos antigos índios Galibi. A pesquisa tem como objetivo principal os aspectos morfossintáticos da língua, via observação, identificação e descrição das classes gramaticais: Verbo, Substantivo, Pronomes, Advérbios e Adjetivos. Especialmente para esta apresentação, pretendo destacar os avanços na pesquisa com os verbos, como eles se apresentam, suas especificidades. Por exemplo, hoje sabemos que os verbos em Kheuól são diferentes da Língua Portuguesa pois não mudam, não há conjugação, o que modifica são os pronomes pessoais, e outras palavras que auxiliam e fazem a marcação para a identificação do tempo (passado, presente, futuro) e dos gêneros (masculino, feminino). Tomo como ponto principal para esta apresentação, os estudos da Gramática Kheuól elaborada pelos povos indígenas Karipuna e Galibi-Marworno e pela equipe do CIMI NORTE II, onde pude encontrar dados da morfossintaxe de uma forma mais detalhada, com mais exemplos, pude conhecer melhor os aspectos fonológicos do Kheuól, fazendo com que algumas dúvidas fossem respondidas, e novas formulações fossem elaboradas. Adoto, também, o TCC do acadêmico Elielson Nunes Charles, defendido na Licenciatura Intercultural Indígena da Universidade Federal do Amapá, que tem como tema: “Aspectos da gramática de nomes e verbos em Kheuól”. Os materiais didáticos disponíveis para o estudo e/ou ensino da língua Kheuól ainda são muito escassos nas comunidades que a utiliza como meio de comunicação. Minha pesquisa pretende, deste modo, ampliar a oferta de material didático disponível nas escolas indígenas dos povos em questão. As informações relacionadas ao verbo serão, portanto, o tema de minha apresentação no painel proposto.

Palavras-Chave: Classes Gramaticais. Verbo. Kheuól.

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Estudo morfossintático dos Advérbios na Língua Ikpeng (Karíb)

Rosane da Costa Monteiro (UFPA)

 A pesquisa linguística presente neste trabalho investiga aspectos morfológicos da Língua Ikpeng (Karib), falada pelo povo de mesma denominação, habitante da região do Médio Xingu, no Parque Indígena do Xingu localizado no estado do Mato Grosso. O trabalho é resultado da pesquisa em andamento do projeto Morfossintaxe dos Advérbios na Língua Ikpeng, que tem como objetivo o estudo morfossintático da categoria de Advérbios a partir  de narrativas e de material elicitado. Uma das dicussões a que se propõe este trabalho é se realmente existe uma categoria de advérbios independente da dos adjetivos nessa língua, conforme afirmou Pachêco (2001).  Além disso,  propõe-se a discutir a existência independente de advérbios, bem como analisar estruturalmente a posição que estes podem ocupar dentro da sentença, haja vista que existem muitos pontos contraditórios nas descrições feitas anteriormente na língua Ikpeng, no que tange a esse aspecto. Da mesma forma, através da teoria da Morfologia Distribuída (teoria que traz proposta de explicação para a formação das palavras nas línguas do mundo), busca descrever e analisar os processos de formação dos advérbios na  língua Ikpeng  e, para isso utilizou as contribuições teóricas de Halle; Marantz (1993, 1994); Marantz (1997) e Harley; Noyer (1999). Nessa proposta teórica, o método responsável pela formação de palavras é o mesmo que dá origem às sentenças, o que significa dizer que há um processo sintático envolvido na formação dos vocábulos e que estes não estão prontos no Léxico, módulo do qual a Sintaxe extrai unidades para a sua computação, consonante com a Teoria Lexicalista (CHOMSKY: 1970). Assim, para investigar os processos de formação  de advérbios na Língua Ikpeng foi necessário examinar como  ocorrem esses processos e quais são a fim de identificar que tipo de unidades morfológicas podem dar origem aos advérbios na referida língua.

Palavras-chave: Ikpeng;  Morfologia; Advérbio.

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Processo de Formação dos Adjetivos na Língua Ikpeng: sufixos {-tu} e {pïn}

Gabriela Maués (UFPA)

Orientadora: Angela Fabiola Alves Chagas (UFPA)

O objetivo desta comunicação consiste em analisar as ocorrências dos sufixos –tu e –pin, recorrentes em adjetivos na língua Ikpeng, descritos por Pachêco (1997). Segundo Campetela (1997) os adjetivos na língua Ikpeng são uma classe que se diferenciam das outras por não conterem em sua estrutura morfológica sufixos de qualquer tipo. Diferente de Pachêco (1997) que considera em seus trabalhos os sufixos sendo fatores que colaboram para a formação dos adjetivos na língua. Diante disso, essa comunicação terá como objetivo específico analisar e compreender a função desses sufixos na formação dos adjetivos na língua Ikpeng. Através de dados da língua, que serão usados para a realização da pesquisa, iremos confirmar se de fato existem sufixos nos adjetivos e quais critérios que condicionam o aparecimento de cada um deles. Se confirmada a teoria de Pachêco (1997) sobre os sufixos, isso facilitará os estudos acerca dos adjetivos. O que possibilitará a contribuição para as pesquisas morfossintáticas na língua Ikpeng.

 Palavras-chave: Ikpeng. Derivação. Adjetivo

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 Análise da Estrutura Argumental dos Verbos de ação
 em Nheengatu à luz da Tipologia Funcional

 

Beatriz Campos Mascarenhas (UFAM)

Raynice Geraldine Pereira da Silva (UFAM)

 Os estudos linguísticos de análise e descrição das línguas indígenas brasileiras também tomam outra dimensão quando se pensa que os resultados das pesquisas podem subsidiar o desenvolvimento de programas de ensino bilíngue, por exemplo, auxiliando os falantes na elaboração de materiais didático-pedagógicos (cartilhas, gramáticas, dicionários, livros de histórias, entre outros), e a documentação cultural das nações indígenas que habitam o nosso território. O Nheengatu é a variedade moderna da língua geral amazônica, que teria se desenvolvido a partir do Tupinambá, língua da família Tupi-Guarani do subconjunto III. Na região do Alto Rio Negro, o Nheengatu é falado por indígenas da etnia Baré, Baniwa e Werekena, povos que substituíram suas línguas tradicionais do grupo Aruak do norte pelo Nheengatu. Deve-se mencionar ainda que no município de São Gabriel da Cachoeira, o Nheengatu é uma das línguas co-oficiais (além do Nhengatu, são também línguas co-oficiais nesse município o Tukano e o Baniwa). Outra região com falantes dessa língua é a região do Médio Rio Amazonas. A importância científica está no fato desta língua ter sido a língua mais utilizada na região norte do país, até o início do século passado, até mesmo mais que a língua portuguesa. Como bem demonstrado por Bessa Freire (2004) e Rodrigues (1996), em seu processo de expansão pela região amazônica, as variedades de Nheengatu eram usadas até mesmo mais que muitas outras línguas indígenas. A hipótese que norteia esse trabalho é a de que, por conta desse processo de substituição linguística, as variedades de Nheengatu podem ter se distanciado estruturalmente em um período relativamente curto. Desta forma, descrever e analisar a estrutura argumental dos verbos de ação do Nheengatu pode contribuir para o entendimento da morfossintaxe verbal da língua, bem como os processos de mudança e contato entre línguas geneticamente diferentes, tendo em vista que, na região de São Gabriel da Cachoeira, essa língua é a única língua tupi em meio a tantas outras de famílias linguísticas diferentes.

Palavras-Chave: Nheengatu. Verbos de ação. Estrutura argumental.

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 Contato, mudança e substituição linguística nas variedades do Nheengatu do Amazonas

Aline Lopes (UFAM)

Raynice Geraldine Pereira da Silva (UFAM)

O Nheengatu é falado atualmente por alguns povos que deixaram de falar sua língua materna. Esses povos estão distribuídos em diversas regiões do Amazonas, principalmente na região do São Gabriel da Cachoeira, na região do médio rio Amazonas e na região do médio Rio Solimões. No Alto e Baixo Rio Negro, o Nheengatu é falado Baré, Baniwa e Werekena, povos que substituíram suas línguas tradicionais do grupo Aruak do norte pelo Nheengatu. Já no Médio Rio Amazonas, o Nheengatu é ainda falado em uma região que tem como língua predominante o Sateré-Mawé, também do tronco Tupi. Na região do Médio Rio Solimões sabe-se que ainda há alguns indígenas da etnia Mayoruna já idosos que sabem Nheengatu. Assim percebe-se que o estudo e registro linguístico dessas duas últimas variedades, portanto, é fundamental para um maior conhecimento da língua, tendo em vista serem variantes pouco utilizadas e já em extremo risco de desaparecimento. A hipótese que norteia esse trabalho é a de que, por conta desse processo de substituição linguística, as variedades de Nheengatu podem ter se distanciado estruturalmente em um período relativamente curto. Desta forma, analisar e comparar as variedades pode contribuir para o entendimento do processo de substituição linguística. O estudo da variação linguística em línguas indígenas são poucos considerando a pequena proporção de falantes que, na maioria dos casos ocupam o mesmo espaço e compartilham das mesmas características dialetais. O caso do Nheengatu é particularmente interessante tendo em vista sua história de contato, mudança e substituição linguística que remonta ao período da colonização e ocupação do Amazonas. As características sistemáticas de substituição de segmentos fonológicos e lexicais, alterações nos processos morfossintáticos e sintagmáticos da língua, além de diferenças entonacionais são algumas formas de alternância nos processos de substituição entre as línguas que estão em contato. A análise e documentação desses processos de mudança e substituição pressupõem um estudo onde se crie uma interface desses aspectos com o uso que se faz da língua e como isso reflete quando se considera a preservação e manutenção das línguas indígenas amazônicas, em particular o Nheengatu.Assim, o estudo dos processos de substituição e mudança linguística do Nheengatu servirão como subsídio às discussões sobre a variação linguística em línguas indígenas, bem como na educação escolar indígena dos povos das regiões pesquisadas e como registro e documentação sobre variação e aspectos específicos sobre a língua. O registro das variedades existente do Nheengatu reflete diretamente na elaboração de materiais didáticos, na escrita e na discussão de uma grafia da língua, além de contribuir para o melhor conhecimento da língua como uma língua indígena da região amazônica.

Palavras-chave: Variedades do Nheengatu. Contato. Amazonas.

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 Tipos de adaptações realizadas nos empréstimos do Português
para a Língua Geral Brasílica no século XVIII

Bárbara Heliodora L. de P. Santos (UFG)

Aline da Cruz (UFG)

Desde o século XVII, período em que se iniciou o contato entre colonizadores e indígenas na região amazônica, o Português e o Tupinambá entraram em contato. O Tupinambá acabou exercendo a função primordial de língua de comunicação entre portugueses e indígenas (FREIRE, 2004, p. 57). Devido ao intenso contato entre estas duas línguas, o Tupinambá sofreu alterações estruturais, e se tornou uma língua supraétnica, renomeada como “língua geral brasílica” (RODRIGUES, 1996). Como resultado do longo contato entre Português e a língua geral, o Português Brasileiro recebeu um grande número de “tupinismos”, ou seja, palavras de origem Tupi, frequentemente estudadas em pesquisas acadêmicas (DIETRICH, 2010; NOLL, 2010; SCHMIDT-RIESE, 2010) e também apresentadas em livros didáticos de ensino fundamental e médio, como, por exemplo, mandioca, Ipiranga, Foz do Iguaçu, cuia, jabuti, entre outras. Neste trabalho, propõe-se o olhar inverso: a análise dos empréstimos de vocábulos portugueses para a língua geral brasílica (doravante LGB), tal como registrados no Vocabulário Português-Brasílico (VPB). Edelweiss (1969) fez um primeiro levantamento dos empréstimos do Português para a LGB nesse documento, analisando os itens lexicais com os procedimentos metodológicos existentes naquele momento. Neste trabalho, pretende-se reanalisar os empréstimos encontrados por Edelweiss (1969), utilizando uma abordagem por representação hierárquica de traços distintivos, tal como proposta pela Geometria de Traços (Clements 1985); e, para processos que envolvam reestruturação silábica e acento, utilizando a proposta de Hayes (1981). Os empréstimos registrados no VPB envolvem tanto adaptações fonológicas quanto morfológicas. Os empréstimos com adaptação fonológica foram categorizados em: (1.1) adaptação segmental; (1.2) adaptação silábica; (1.3) adaptação acentual. Por sua vez, os empréstimos que envolvem adaptações morfológicas podem ser divididos em: (2.1) adaptações por processos flexionais; (2.2) adaptações por processos derivacionais. É importante ressaltar que os empréstimos podem fazer parte de mais de uma categoria. No grupo (1.1), observa-se rotacismo para evitar as coronais /l/ e /d/; nasalização de oclusivas, levando à emergência de contornos (mb, nt, ng), e apagamento de traços mais marcados, como [+ voz] e [+ contínuo]. No grupo (1.2), observou-se a preferência por sílabas CV em detrimento de sílabas com encontros consonantais CCV e de sílabas com CODA. No grupo (1.3), verifica-se que o padrão acentual da LGB é iâmbico enquanto o do Português é prioritariamente troqueu moráico em não-verbos (WETZELS, 1977; BISOL, 2003). Observou-se uma tendência ao reestabelecimento do padrão iâmbico, pela alteração da posição sílaba tônica como forma de adaptação fonológica. No grupo das adaptações morfológicas, há uma tendência ao uso de morfemas derivacionais, como aumentativo, coletivo, causativo; e de morfemas flexionais, como uso de referenciante e prefixos pessoais.

Palavras-chave: Empréstimo. Adaptações Fonológicas. Adaptações Morfológicas.

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Sentenças interrogativas em línguas indígenas sul-americanas

Augusto Gasparre Braga Façanha (NELI-UNIFAP)

Orientador: Antonio Almir Silva Gomes (NELI-UNIFAP)

Trabalhos tipológicos têm sido desenvolvidos nas grandes universidades do mundo com o objetivo de compreender aspectos comuns às línguas naturais; sua relação com aspectos cognitivos e socioculturais. A comparação entre línguas é o recurso primário para esse tipo de trabalho. No painel proposto, apresentamos a natureza de meu projeto de Iniciação Científica, com duração total de 12 meses entre os anos de 2015 e 2016, que busca a uma melhor compreensão de aspectos morfossintáticos relacionados a sentenças interrogativas de distintas línguas indígenas da América do Sul. Como resultado, pretendemos lançar luz sobre características sincrônicas de diversas línguas desta região e, consequentemente, contribuir com as discuss ões tipológicas relacionadas ao tema. (Bolsita PROBIC/UNIFAP)

Palavras-chave: Sentenças interrogativas. Tipologia. Morfossintaxe.

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 A africada /tʃ/ no inventário fonológico do Ikpeng

Amanda Dias do Nascimento (NELI-UNIFAP)

Orientadora: Angela Fabiola Alves Chagas (UFPA)
Co-orientador: Eduardo  Vasconcelos  (NELI-UNIFAP)

 A língua Ikpeng é pertencente à família Karib e falada por aproximadamente 500 pessoas que vivem na região norte do Mato Grosso. Este povo vive espalhado em quatro aldeias – Rayo, Arawo, Tupara e Moygu – no Parque indígena do Xingu. Desde 1972, alguns trabalhos sobre a língua foram publicados. No campo da fonologia existem algumas divergências que ainda não foram totalmente esclarecidas pelos pesquisadores que elaboraram propostas para esse campo específico da língua. Além de divergência nos quadros fonológicos propostos para a mesma, a falta de dados para comprovação de qual abordagem está mais adequada à língua são alguns dos problemas na descrição da fonologia do Ikpeng. Quanto aos fonemas propostos para a língua, [tʃ] é um dos que apresentam diferentes análises nos dois principais trabalhos feitos sobre a fonologia da língua Ikpeng (EMMERICH, 1972; PACHÊCO, 2001). Emmerich (1972) aponta [tʃ] como um dos alofones do fonema /t/ com ocorrência condicionada diante do fonema vocálico /i/, enquanto Pachêco (2001) classifica /tʃ/ como um fonema que ocorre diante de todas as vogais e também é alofone de /t/ no ambiente citado por Emmerich. Neste trabalho propomos que a africada é um dos fonemas da língua Ikpeng que ocorre diante de todas as vogais da língua exceto vogal alta central /ö/, ambiente que ocorre somente a oclusiva alveolar /t/. Sendo assim, acreditamos que /t/ também é um dos alofones da africada e diante das vogais /i/ e /ö/ a oposição entre a africada e a oclusiva alveolar surda é neutralizada. Tal hipótese surgiu através de uma revisão dos dados presentes nos referidos trabalhos, dados provenientes de outros trabalhos sobre a língua Ikpeng (CAMPETELA, 1997; CHAGAS, 2013) e dados provenientes de elicitações feitas por Chagas no período de 2009 a 2012. Os dados serão armazenados e organizados no programa FLEx. Para esta análise seguiremos os princípios da Escola Linguística de Praga, em especial as orientações de Jakobson, Fant & Halle (1953). (Bolsita PIBIC/CNPq).

Palavras-chave: Fonologia. Ikpeng. Karib.

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Revisão fonológica da Língua Xetá (Tupi-Guarani, Ramo I)

Nixon Rocha Sarges (NELI-UNIFAP)
Orientador: Eduardo Alves Vasconcelos (NELI-UNIFAP)

Notícias do povo Xetá são registradas no início do século XX. O contato com a sociedade não-indígenas ocorreu da década de 50 e, logo após o contato, sua extinção já era certa. Os sobreviventes foram realocados em aldeamentos Kaingang e Guaraní e em fazendas nos arredores, tanto no Panará, como em outros estados das regiões Sul e Sudeste. Segundo os dados do instituto socioambiental, em 2006, a população Xetá foi estimada em 86 pessoas, destas apenas um homem fala a língua e uma mulher a compreende, mas só respondendo em português. O povo Xetá foi contatado no noroeste do Estado do Paraná, em uma região denominada de Serra dos Dourados, à margem esquerda do rio Ivaí e seus afluentes, e também chegaram a povoar a margem direita do rio, segundo relatos de sobreviventes. O objetivo dessa pesquisa é propor uma revisão da fonologia da língua Xetá, em que será investigado, principalmente, o sistema vocálico, suas oposições fonológicas básicas e secundarias. Aspectos da fonologia da língua Xetá foram analisados em Vasconcelos (2008), que a partir, principalmente, do corpus coletado por Rodrigues na década de 1960, apresenta um detalhado inventário fonético, propondo treze fonemas consonantais e seis vocálicos, a saber: obstruintes /p t tʃ dʒ k ʔ/, nasais /m n ɲ/, soantes /w ɾ j h/ e vogais orais /i e ɨ a u o/. Naquela análise também são propostos os padrões silábicos (V CV CVC CCV) e, em termos gerais, o padrão acentual. O corpus utilizado inicialmente será aquele disponível em registros Xetá: Guérios (1958),Loukotka (1960), Fernandes(1961), Rodrigues (1978),Vasconcelos (2008), Rodrigues et alli (2013), além de anotações em cadernos de campo e transcrições realizadas por Vasconcelos. Segue-se, nessa investigação, os pressupostos da Escola Linguística de Praga e, quando se mostrar relevante e exequível, lançar-se-á mão dos recursos da fonética acústica e da Geometria de Traços. (Bolsista PIBIC/CNPq)

Palavras-chaves: Fonologia. Xetá. Tupi-Guarani.

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