PARFOR Equidade: Universidade Federal do Amapá e Secretaria Estadual de Educação trazem 40 professores indígenas da Educação Básica, oriundos do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque para formação específica em Macapá
O Parfor Equidade é uma iniciativa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) junto à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (SECADI/MEC).
A ação compõe o programa PARFOR Equidade (Programa Nacional de Fomento à Equidade na Formação de Professores da Educação Básica), que beneficiará 70 professores indígenas da Educação Básica que não possuem formação específica em nível superior na área de atuação nas escolas públicas. O Curso de Licenciatura Intercultural Indígena (CLII) iniciará em janeiro de 2025, com duração de 4 anos, e será sediado no campus Marco Zero da UNIFAP.
Esse curso será oferecido na modalidade de alternância, proporcionando uma formação que integra práticas pedagógicas em sala de aula e visitas alternadas às comunidades. Os discentes são provenientes de diversos povos originários, como Wajãpi, Waiana, Tiriyó, Palikur, Kaxuyana, Galibi-Marworno, Galibi-Kali’nã e Apalai, o que ressalta a diversidade e a interculturalidade que permeiam esta formação.
Para facilitar o acesso dos alunos, a SEED disponibilizou voos que transportam os estudantes de áreas remotas do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque até a capital do estado, uma região que só pode ser acessada por aeronaves. Com a articulação da Secretaria de Educação Especial (Seesp) da SEED, 40 alunos foram transportados das regiões leste e oeste do Parque, primeiramente por rios, até chegarem à pista de pouso.
Imagem: Aeronave para transporte dos alunos do Parfor Equidade (Arquivo pessoal).
Para a Secretária Estadual de Educação, professora Sônia Casemiro, o feito “oportuniza o acesso ao ensino e futuramente a aplicação na educação escolar dessas comunidades indígenas”.
Iroiman Waiana Apalai é professor da educação básica e participará do curso do Parfor Equidade no Amapá. Segundo o educador, morador da comunidade indígena do Bona, no lado leste do Parque do Tumucumaque, em Almerim-PA “a nossa vinda facilitou o acesso à universidade, sem essa ajuda não teríamos condições financeiras de arcar com o transporte”.
Foto: Iroiman Waiana Apalai, aluno do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena (Arquivo pessoal).
Os povos do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (Waiana, Tiriyó, Kaxuyana e Apalai) levaram mais de 14 anos para concluir o Ensino Médio. A Coordenadora do curso, Professora Jussara Barreiros, esclarece que “promover o acesso à educação superior pública, gratuita e de qualidade é um anseio de décadas de uma população de terra indígena com inúmeras restrições econômicas, socioculturais, logísticas e de infraestrutura”.
Imagem: Coordenadores e Secretária de Educação (Arquivo pessoal).
Esta formação soma esforços entre UNIFAP e SEED promovendo a política de valorização e fortalecimento da educação indígena. Em que professores lecionarão em língua materna e contribuirão para a manutenção linguística, cultural e social desses povos.