Sobre o curso

O Estado do Amapá, pelo seu contexto biogeopolítico e de diversidade socioambiental, tem a oportunidade de planejar o seu desenvolvimento rumo à sustentabilidade. Entretanto, esta oportunidade precisa ser construída respeitando-se o conhecimento local e, ao mesmo passo, conectada com o conhecimento científico e os saberes globais. A decisão de criar um Curso de Graduação em Ciências Ambientais na Universidade Federal do Amapá é mais uma contribuição em direção a essa construção coletiva.

Um dos pilares conceituais das Ciências Ambientais envolve crítica à excessiva especialização disciplinar e à consequente fragmentação do conhecimento. Embora esta crítica receba apoio de algumas das mais respeitáveis correntes filosóficas do pensamento contemporâneo, é impossível negar que uma nova forma de fazer ciência está longe de se materializar em resultados efetivos do ponto de vista da sustentabilidade socioambiental. Ambientalistas, economistas, geólogos, biólogos, geógrafos, engenheiros, cientistas sociais, dentre outros, devem enfrentar e desafiar os problemas e as crises ambientais com abertura de espírito, com curiosidade universalista, contudo, forçosamente – até aqui, ao menos – no âmbito de suas disciplinas.

No entanto, isto não ocorrerá apenas por qualquer tipo de exercício autorreflexivo de cada uma das ciências e, sim, como resultado de sua junção às questões regionais, como a conservação da diversidade biológica e a exploração sustentável de recursos naturais, associada aos grandes objetivos de programas científicos. Exemplos são estudos difusos sobre as mudanças do clima e sua relação com as ameaças à biodiversidade, geração de riqueza e redução das desigualdades sociais.

O Curso de Graduação em Ciências Ambientais oportuniza a formação interdisciplinar de um profissional em busca de novos paradigmas, sem desconsiderar os paradigmas dominantes, capazes de estruturar conhecimentos a partir de experiências conectadas, e não somente de derivação ocidental primeiro-mundista. O Curso de Graduação em Ciências Ambientais encontra amparo legal no artigo 43 da LDB e Parecer CNE/CES 67/2003. A flexibilização dos atos normativos do Ministério da Educação para a criação de cursos superiores motivou as instituições superiores a construírem propostas curriculares que atendam às novas e atuais demandas socioambientais em consonância com os avanços científicos e tecnológicos, externados em parecer do egrégio Conselho Nacional de Educação:

“…era mesmo necessária uma espécie de “desregulamentação”, de flexibilização e de uma contextualização dos projetos pedagógicos dos cursos de graduação, para que as instituições de ensino superior atendessem, mais rapidamente, e sem as amarras anteriores, à sua dimensão política, isto é, pudesse essas instituições assumir a responsabilidade de se constituírem respostas às efetivas necessidades sociais – demanda social ou necessidade social -, expressões estas que soam com a mesma significação da sua correspondente “exigência do meio” contida no art. 53, inciso IV, da atual LDB 9.394/96” (Parecer CNE/CES 67/2003, p.7).

As novas “exigências acadêmicas”, neste caso, correspondem a uma crescente demanda por profissionais aptos que respondam aos cenários interpostos para a região amazônica, cujo centro de debate é o dilema do desenvolvimento sustentável – que busca o desenvolvimento moderno ao mesmo passo que se alia à eficiência econômica com equidade social e respeito aos recursos naturais.

Estruturado segundo o regime semestral, o currículo pleno do Curso de Ciências Ambientais compreende uma carga horária de 3.390 horas, distribuídas em Disciplinas Obrigatórias (2.100 horas), Disciplinas Optativas (240 horas), Trabalho de Conclusão de Curso – TCC (120 horas), Estágio Supervisionado Obrigatório – ESO (360 horas), Atividades Curriculares Complementares – ACC (210 horas) e Atividade Curricular de Extensão – ACE (360 horas).

Mesmo não tendo diretriz curricular específica disponível, o projeto pedagógico do curso em Ciências Ambientais, pela sua concepção, valoriza a formação de um profissional com competência intelectual para refletir a heterogeneidade das demandas sociais e apto a enfrentar os desafios das dinâmicas de transformações educacionais e profissionais.

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