Estudante cria aplicativo para “classificar” locais com risco de assédio a mulheres

Projeto “SafeGirl”, em parceria com dois amigos do Maranhão, será apresentado em fevereiro em feira de tecnologia em São Paulo.

O estudante Mateus Bezerra, de 20 anos, está desenvolvendo junto com amigos um aplicativo que pretende ajudar mulheres vítimas de assédio sexual. O SafeGirl (nome da ferramenta) será apresentado na 7ª edição da Campus Mobile, competição de criação de aplicativos que ocorrerá em São Paulo, entre os dias 4 a 8 de fevereiro.

Mateus  é estudante do curso de Ciências da Computação da Universidade Federal do Amapá (Unifap) e faz o trabalho junto com dois estudantes do Maranhão: a aluna de direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Brenda de Abreu e Vitor Moraes, recém formado em direito também pela UFMA. As reuniões acontecem sempre por vídeo chamada.

O aplicativo desenvolvido pelos jovens tem a ideia principal de fazer com que mulheres possam classificar locais de acordo com grau de segurança que ele apresenta, tendo como objetivo fazer que as usuárias encontrem lugares bem avaliados e se sintam seguras, sem a preocupação de assédios.

“O problema chave do nosso aplicativo é fazer com as mulheres possam sair com segurança mesmo não estando na cidade delas, sozinhas ou entre amigas. Então, por exemplo, a usuária vai entrar em um barzinho e vai chegar uma notificação para ela poder dizer como se sentiu naquele lugar e que nota daria para aquele local”, explicou Moraes.

A ideia de fazer o aplicativo relacionado com segurança da mulher surgiu a partir de uma necessidade observada pela estudante Brenda de Abreu, de 23 anos.

“Analisando toda a necessidade de mulheres que andam sozinhas, que viajam sozinhas, a gente pensou num aplicativo que contribua para que essa mulher encontre locais seguros para poder exercer o direito de ter um entretenimento sem ser assediada”, argumentou Brenda, que também atua como ativista do movimento feminista.

Além da classificação dos locais, outras funcionalidades devem ser adicionadas no aplicativo como descontos para usuárias em locais bem avaliados, acesso às leis que garantem os direitos femininos e também o contato de órgãos de combate a violência contra mulher.

No percurso de construção da ferramenta o grupo encontra algumas dificuldades, como viabilidade das ideias e conseguir sintetizar muitos conhecimentos em apenas uma ferramenta. Mas nada que desanime ou faça pensar em desistir.

“A gente tem que ‘sacar’ um pouco sobre tecnologia, empreendedorismo, mercado, legislação. São vários assuntos que precisamos se interar em um espaço muito curto de tempo, para poder tornar o aplicativo viável e sustentável. Mas entendo essas dificuldades como desafios”, disse Moraes.

Aplicativo em concurso nacional

A ideia do aplicativo foi desenvolvida com a intenção de ser inscrita na 7ª edição da Campus Mobile após Bezerra ver na web uma publicação que incentivava estudantes a lançarem projetos para o concurso. O acadêmico ficou interessado e propôs a ideia para Moraes e Brenda, que já atuam na área de direitos humanos.

“Tínhamos esperança, mas não procuramos criar muita expectativa, até porque a gente não tinha nada pronto, só a ideia. Mas acabamos sendo selecionados e fiquei muito feliz, porque está sendo uma forma de colocar em prática meus conhecimentos de computação em favor da sociedade”, contou Bezerra.

O projeto concorre com outras 15 ideias na categoria “diversidade”. Os jovens vem recebendo monitorias de especialistas e assistindo palestras durante a construção do aplicativo. Caso seja vencedor, o grupo leva uma quantia de R$ 7,8 mil e uma viagem ao Vale do Silício, nos Estados Unidos.

Ainda em fase de desenvolvimento, o protótipo do aplicativo será apresentado no evento entre os dias 4 a 8 de fevereiro. Para o futuro, a intenção dos jovens é buscar parcerias que ajudem a lançar a ferramenta de forma gratuita nas lojas de aplicativos de celulares.

“O nosso objetivo é que ele seja gratuito para o público em geral. E nós vamos buscar parcerias para que mulheres possam acessar sem problema algum e até mesmo outras pessoas que queiram conhecer o aplicativo. Queremos com esse projeto trazer benefícios aos usuários e não cobrar algo deles”, destacou Bezerra.

 

Fonte: https://g1.globo.com/ap/amapa

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