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A história recente dos estudos linguísticos sediados no Brasil com escopo nas línguas indígenas brasileiras, marcadamente realizados a partir da segunda metade do século XX por missionários e por linguistas, demonstra atenção especial à descrição gramatical das mesmas línguas. Certamente, dado a um contexto espraiado nacionalmente em que pouco se sabia acerca dessas gramaticas, tratou-se de uma ação necessária e com valor inestimável para as ciências da linguagem brasileira e internacional. Nesse mesmo contexto, a atenção à relação língua indígena e escola / sala de aula ocupou lugar tímido nas discussões, embora ações individuais de linguistas tenham ocorrido entre diferentes povos indígenas brasileiros. A título de exemplo, menciona-se o caso envolvendo a língua Kheuol falada por populações Karipuna e Galibi-Marworno que vivem na Terra Indígena Uaçá, fronteira com a Guiana Francesa, que, através de colaboração entre o CIMI e uma linguista, fora fruto ainda nos anos 1980 de discussões e geração de informações gramaticais com fins à escola. A Constituição Federal (1988), ao assumir um modelo específico de Educação Escolar Indígena, destaca a mencionada relação que, de certa forma, tem se refletido atualmente em distintas pesquisas promovidas por linguistas através das quais se identifica atenção a aspectos da língua com escopo na sala de aula indígena. Assim tem ocorrido com trabalhos descritivos, de documentação, de revitalização etc. Com esse cenário em mente, nos propomos a discutir a necessidade de uma Linguística Indígen(ist)a Educacional como campo de investigação específico, logo, com materiais, perguntas, hipóteses, metodologias, objetivos próprios. Assim o faz, sobretudo, considerando pesquisa e sala de aula lugares específicos.