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COP-27 e as discussões sobre a crise climática

A 27ª Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas é a mais aguardada dos últimos anos, e conta com bastante expectativa sobre a participação do Brasil.

A cúpula anual realizada pela ONU reúne países assinantes do tratado internacional de resposta à crise climática, Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) para discutir sobre as ações necessárias para o combate às alterações climáticas aceleradas que vêm ocorrendo no mundo todo. Este ano, a COP ocorreu entre os dias 6 a 18 de novembro, e o local escolhido foi Sharm el-Sheik, cidade balneária do Egito que fica localizada entre o deserto da Península do Sinai e o Mar Vermelho.

A COP-27 reuniu além dos chefes de Estado, jornalistas e representantes da sociedade civil e observadores dos mais de 190 países assinantes do UNFCCC. Os acordos para a criação da conferência tiveram início em 1992, com o encontro da ECO-92, que naquele ano foi realizada no Rio de Janeiro e resultou na adoção da UNFCCC e consequentemente, na criação do Secretariado de Mudanças Climáticas da ONU. No entanto, a primeira cúpula só foi realizada em 1994, quando o tratado finalmente entrou em vigor.

Créditos: Joseph Eid / AFP

COP-27 de 2022

Este ano, dentre os principais temas abordados, destacou-se a preocupação com a crise energética impulsionada pela guerra na Ucrânia, bem como os limites das emissões de carbono negociados no tratado original. Além disso, a reunião serve para debater a reversão das ações dos países frente às ações climáticas, o Acordo de Paris no qual os países se comprometeram a limitar o aquecimento global em 1,5°C e o mercado de carbono, tema que gera bastante expectativa ao Brasil já há alguns anos.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursou durante o primeiro dia de conferência para os governos dos  países participantes, em tom de alerta: “Nosso planeta está se aproximando rapidamente de pontos de inflexão que tornarão o caos climático irreversível. Estamos em uma estrada para o inferno climático com o pé ainda no acelerador”, afirmou Guterres.

Foto: Divulgação

Outro assunto que foi aguardado para a COP-27 é a discussão sobre perdas e danos (Loss and Damage, ou L & D, na sigla em inglês), um dos tópicos que entrou em pauta já no primeiro dia de convenções. A tentativa de inclusão do tema dentre as pautas discutidas pelos países assinantes já perdura quase 30 anos, e acredita-se que este tenha sido estrategicamente deixado de lado por alguns dos assinantes dos países. O motivo é que discutir sobre perdas e danos levanta a possibilidade de responsabilização e necessidade de reparação histórica aos diversos países mais pobres que ainda estão em desenvolvimento e que foram diretamente ou indiretamente afetados pelas ações das nações hoje mais desenvolvidas.

Brasil na COP-27

Nos últimos anos, o Brasil passou de um dos protagonistas em ações de defesa climáticas a um dos maiores exemplos negativos dessa luta. Segundo dados publicados pela ONU em seu informe anual sobre as emissões de carbono na atmosfera, o Brasil além de não estar realizando os esforços necessários para o cumprimento do Acordo de Paris, avançou ainda na contramão do mundo todo mesmo durante a pandemia, onde a maioria das potências buscou a redução dessas emissões desenfreadas. O país passou ainda a carregar a má fama de mentiroso e inimigo do meio ambiente durante o governo de Jair Bolsonaro, devido às inúmeras ações anti-climáticas executadas até então, e principalmente, à tentativa de enganar a comunidade internacional sobre esses dados durante a Cúpula de Glasgow, no ano passado.

No entanto, diferente do ano anterior, há agora muita expectativa positiva sobre as próximas participações do Brasil na Conferência. Após os resultados favoráveis ao presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva, muitos países investidores em ações climáticas demonstraram interesse em retornar a acordos de proteção ambiental, convidando ainda o futuro presidente do Brasil a participar da COP deste ano. Em seus mandatos anteriores como presidente da república, Lula fortaleceu a política ambientalista, a imagem internacional do Brasil e levou o país ao protagonismo da defesa ambiental, progresso esse que foi deixado de lado após a adoção da política anti climática do governo de Jair Bolsonaro.

Estande oficial do governo brasileiro. | Foto: Divulgação

O estande do Brasil na COP deste ano destacou o seu potencial em agricultura sustentável e produção de energia limpa. Além destes, o Brasil usará também a tecnologia em um de seus painéis, para levar os visitantes a uma viagem por meio da realidade virtual para a Amazônia. 

Amapá na cop-27

O Governo do Amapá esteve presente pela segunda vez na COP, juntamente com os demais governos do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal. Segundo o governador do Amapá, Waldez Góes, presidente do consórcio, as temáticas levadas para a COP 27 foram construídas em parceria com organizações. “O esforço é que o posicionamento dos estados da Amazônia tenha unidade, uma vez que, ao relacionarmos agendas comuns, é prudente que nós nos apresentemos como Consórcio, defendendo as temáticas centrais, alinhando nossa abordagem”, ressaltou Góes. 

Governador do Amapá, Waldez Góes, presidente do Consórcio da Amazônia Legal | Foto: Secom/AP.

Além destes, o Instituto Mapinguari, uma das principais organizações de defesa da sociobiodiversidade, povos da floresta e de áreas protegidas da Amazônia, participou também pelo seu segundo ano consecutivo da COP, e agora retornando levantando a bandeira da participação da juventude em pautas socioambientais e nessa. Hannah Balieiro, diretora executiva do Instituto Mapinguari, ressalta a importância da participação nessa luta: “Nós estamos lutando para que esse aumento não ultrapasse 1,5ºC de temperatura. Devido a instabilidade climática e a reação em cadeia que vai acontecendo com o aquecimento do planeta. Ou seja, as mudanças climáticas influenciam na geração de energia e na produção de alimentos. Hoje, agricultores já sentem a dificuldade no cultivo de algumas espécies devido a imprevisibilidade do clima, implicando no desabastecimento dos alimentos”, comentou a ativista.

Hannah Balieiro, diretora-executiva do Instituto Mapinguari. | Foto: Etienice Silva

Além do Instituto, o Governo do Amapá também está presente pela segunda vez na COP, juntamente com os demais governos do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal que estarão indo pela primeira vez. Segundo o governador do Amapá, Waldez Góes, presidente do consórcio, as temáticas levadas para a COP 27 foram construídas em parceria com organizações. “O esforço é que o posicionamento dos estados da Amazônia tenha unidade, uma vez que, ao relacionarmos agendas comuns, é prudente que nós nos apresentemos como Consórcio, defendendo as temáticas centrais, alinhando nossa abordagem”, ressalta Góes. 

Dentre as principais temáticas levadas pelo consórcio para o evento, estão as medidas de prevenção e controle do desmatamento e incêndios florestais; financiamento climático, e políticas de produção sustentável e fortalecimento da bioeconomia.

 

Colaboração de texto: Eienice Silva (Bolsista de Extensão do Escritório Modelo/Rádio e TV UNIFAP, 2022)
Revisão de texto: Marcela Souza (Bolsista de Extensão do Escritório Modelo/Rádio e TV UNIFAP, 2022)


ATENÇÃO – As informações, as fotos, imagens e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: Escritório Modelo/Rádio e TV UNIFAP, 2022.

 

 

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