Cultura digital e e-Ciência foram destaques do II Fórum RNP

Marco Civil da Internet, privacidade e computação em nuvem também foram debatidos por especialistas

De 27 a 29/8, a RNP tratou temas como e-Ciência, Marco Civil da Internet, privacidade e computação em nuvem na segunda edição do Fórum RNP. O evento aconteceu no Hotel San Marco, em Brasília, e reuniu gestores e profissionais de TI de organizações públicas e privadas.

Na abertura, o diretor-geral Nelson Simões defendeu a construção de identidades múltiplas e redes criativas para amparar as novas necessidades de cultura digital. Segundo ele, essas redes permitem a criação de comunidades que não existiam e um intercâmbio de informações que formam uma experiência cultural e não apenas tecnológica. “Não basta ser rede, tem que ser criativa, para lidar com realidades tão diversas e gerar um ecossistema que construa novas identidades”, afirmou.

O secretário substituto de Políticas Culturais do Ministério da Cultura (MinC), Américo Córdula, também participou da sessão plenária e afirmou que a parceria com a RNP é fundamental para aliar redes de alta velocidade às políticas públicas das quais se beneficiam inúmeras instituições. “Precisamos mapear a diversidade e fazer com que as nossas políticas atendam às necessidades locais, estaduais e federais”, declarou.

Outro destaque do evento foi a demanda de processamento de alto desempenho para a e-Ciência. O coordenador de TI do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), José Laurindo Campos, falou sobre a implementação da tecnologia para o desenvolvimento de ações inovadoras na Amazônia, região responsável por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. “Hoje já é possível compartilharmos dados sobre a floresta em nuvem. Isso permite a expansão do conhecimento, o que gera novas hipóteses científicas a um baixo custo”, apontou.

Douglas Milanez, Luiz Nicolaci da Costa e Marcio Faerman também detalharam os desafios da e-Ciência para a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), para o Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA) e para a Universidade de Ohio (EUA), respectivamente. Tereza Cristina, da Universidade de São Paulo (USP), discursou sobre a infraestrutura de suporte para aplicações da e-Ciência, a Science DMZ.

Privacidade na rede 

A modernidade que possibilita um grande fluxo de informação a uma velocidade cada vez maior trouxe à tona um novo tipo de insegurança: a virtual. Nesse contexto, universidades e centros de pesquisa são as instituições que mais estão em risco. “O Brasil é um dos países que mais sofre e hospeda ataques na rede do mundo, representando 5% dos casos globais”. A declaração foi do analista de segurança da empresa de antivírus Kaspersky Lab, Fabio Assolini. Segundo ele, as instituições de ensino são o alvo principal dos cibercriminosos. “A criação de falsos domínios .edu teve um aumento de 30% no período de 2012-2013 em relação a 2010-2011”, destacou.

O consultor jurídico da RNP, Omar Kaminski, não enxerga que a criação de novas leis seria uma solução. “O Brasil é o país que possui a maior legislação do mundo, nem por isso estamos seguros em qualquer aspecto”. Ele ressaltou, por exemplo, o fato de a Lei Carolina Dieckmann ainda ser insuficiente para regular o setor e citou o artigo 14 do Marco Civil da Internet que exime os provedores de responsabilidade por danos causados por terceiros na rede.

De acordo com o deputado federal e relator na comissão especial do Marco Civil na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon, “trata-se de uma primeira lei geral da internet, ou seja, uma espécie de constituição da rede. Não é um projeto que cria tipos penais e não trata da questão de direitos autorais”, posicionou.

A adoção de um sistema de nuvens foi apontada como alternativa para as instituições. Para o pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), Roberto Araújo Samarone, apesar de serviços como o Dropbox, o Skydrive e o Google Drive permitirem acesso por dispositivos variáveis, alta disponibilidade, aumento da capacidade sob demanda e redundância, as instituições de ensino e pesquisa precisam de soluções personalizadas.

“Nas universidades, as nuvens são utilizadas para armazenar material didático, notas de alunos, documentos administrativos, dados de pesquisa, entre outros, mas alguns desses podem requerer sigilo. Uma nuvem acadêmica pode reduzir riscos e ser integrada com serviços como a CAFe (Comunidade Acadêmica Federada), além de possibilitar o compartilhamento seguro de dados de pesquisa e projetos. Além disso, o que você disponibiliza no Google, por exemplo, é da empresa. Você aceitou isso no termo de uso e essas regras podem ser alteradas”, declarou Samarone.

O diretor de Serviços e Soluções, José Luiz Ribeiro Filho, falou sobre a aposta da organização na construção do Centro de Dados Compartilhados (CDC), primeira iniciativa dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Educação (MEC) de investir em um serviço de computação em nuvem para a comunidade de ensino e pesquisa no país, em parceria com a empresa chinesa Huawei.

A RNP responsabilizar-se-á pela importação e entrega dos contêineres e equipamentos no Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), em Recife, e no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus, as duas primeiras localidades escolhidas para a implementação da tecnologia. Com orçamento total de cerca de R$ 7,5 milhões, a previsão de lançamento é para o início de 2014. “Estamos aprendendo muito durante essa fase piloto: o que podemos ter, o que queremos ter e o que a comunidade acadêmica demanda”, disse o diretor.

Fonte: Entrenós RNP

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