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Pat Andrade e a literatura durante a pandemia: poesias que encantam o público

Artista plástica e escritora Patrícia Andrade — ou somente Pat Andrade — se autodenomina como uma artista sobrevivente, que encontrou nas redes sociais uma maneira de compartilhar as suas poesias autorais. 

A discussão sobre a importância que a arte exerce em momentos de crise cresceu significativamente durante o período de isolamento social. Apesar disso, pouco se fala sobre a escassez de espaços que os artistas possuem para expor seus trabalhos. Alguns tiveram que se adaptar a esse novo período e adequar suas produções ao contexto atual em que vivemos — e a internet é o meio que a classe encontrou para fazer essa divulgação artística.

Essa também foi a maneira que Patrícia Andrade Vieira, ou somente Pat Andrade, encontrou para difundir seus poemas com o restante da comunidade. Pat é artista plástica e escritora. Aos 50 anos de idade, Andrade se autodenomina como uma artista sobrevivente, que encontrou nas redes sociais uma maneira de compartilhar as suas poesias autorais.

Pat Andrade é artista plástica e escritora. Foto/Imagem: Pat Andrade.

Escritora desde os 15 anos, a artista já coleciona mais de 30 livrinhos lançados, com poesias que falam sobre sentimentos e fatos do cotidiano. Seu primeiro trabalho foi realizado em 2001, em uma intervenção cultural do Grupo Urucum, do qual faz parte até hoje — algumas caixinhas de fósforo recheadas de poesia.

Segundo Pat, a literatura passou a ser importante em sua vida ainda na adolescência: “Aos 15 anos ganhei um diário com poemas do Vinícius de Morais, e ali passei a registrar minhas primeiras linhas poéticas. Era uma coisa de adolescente; muitas coisas eu descartei por achar tolas; outras vieram comigo, para a poesia que trago em mim. Hoje a poesia me move, me ampara, me guia, me dá voz para falar do que me oprime, daquilo que me angustia, daquilo que me faz feliz”, comenta.

Sobre o processo de escrita, a escritora conta que nunca escolhe um tema para escrever. “Creio que a poesia escolhe o momento de se apresentar a mim. E pode vir a qualquer hora, em qualquer lugar”, relata.

Escritora desde os 15 anos, Pat já coleciona mais de 30 livrinhos lançados. Foto/Imagem: Pat Andrade.

O período de quarentena também refletiu na escrita da artista, que teve de trocar as ruas da cidade pelo mundo virtual e passou a compartilhar pequenos livros de poesia em suas redes sociais. “O início do isolamento foi terrível. Minha poesia colhe inspiração no cotidiano e nele se derrama; quando esse cotidiano se viu limitado, me assustei um pouco e minha poesia se recolheu também. Mas, por ser uma força viva e pulsante em mim, acabou funcionando também como válvula de escape”, conta Pat.

Segundo a artista, o seu maior incentivo é saber que suas poesias são apreciadas e consumidas como produto cultural. Isso a inspira a continuar escrevendo e compartilhando seu trabalho. “As pessoas compram meus livrinhos há pelo menos 14 anos. Esse é um grande incentivo para seguir escrevendo. Conheci um rapaz que tatuou um poema meu na própria pele. Isso é um incentivo e tanto”, conta Pat.

Pat compartilha seu trabalho no facebook e possui livros publicados em formato pdf. Além disso, sua obra já foi alvo de estudos, sendo discutida e estudada em algumas instituições públicas e privadas. Seu último lançamento, Sobre Vivência, é o seu sexto livro publicado durante a pandemia e aborda temas do cotidiano, marca registrada da escritora. 

Confira alguns poemas escritos pela artista:

MUITAS EM MIM

minha linha

do horizonte

me divide,

me recorta,

me retalha.

não em duas,

mas em várias…

além dela,

sou menina,

sou mulher;

sou Anna

Karenina,

sou a Virgem

de Nazaré.

sou Matinta,

sou Iara;

sou floresta

e sou mata.

sou Maria Bonita

e Madre Teresa;

sou tempestade

e correnteza.

 

LUTA

a vida é uma guerra

é preciso lutar por tudo

pelo sim

pelo não

luto pelo amor

pelo vinho

e pelo pão

luto sem trégua

e se for preciso

quebro uma

ou outra regra

 

FÊNIX

sou fênix

em cada amanhecer

uso restos de cinzas

para pichar poemas

num muro imaginário

transformo em tinta

a fuligem que adeja no ar

apago as falsas cores

do pseudo-mundo

esfrego minhas verdades

na cara de quem

apenas me suporta

e continuo a arder

pelas madrugadas

(Pat Andrade)

 

Colaboração de texto: Izabele Pereira e Marcela Souza (Bolsistas de Extensão do Escritório Modelo/ Rádio e TV UNIFAP, 2021)


ATENÇÃO – As informações, as fotos, imagens e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: Escritório Modelo/Rádio e TV UNIFAP, 2021.

 

 

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