Minicurso discute os impactos da criação do Parque Nacional do Cabo Orange no modo de vida de comunidades do município de Oiapoque

Na manhã da última sexta-feira (13/01/2017), a professora Ana Cristina Rocha Silva, membro do colegiado de História do campus Binacional e membro da ANPUH-AP, ministrou o minicurso intitulado Os impactos da criação do Parque Nacional do Cabo Orange no modo de vida de comunidades tradicionais: o caso da Vila Taperebá e da pesca artesanal de Oiapoque. O minicurso ocorreu no Auditório Colares e por abordar uma temática interdisciplinar, teve como público alvo a comunidade acadêmica em geral.

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A atividade objetivou suscitar reflexões acerca do processo de criação do Parque Nacional do Cabo Orange (PNCO) e dos modos em que a instituição dessa área protegida vem se refletindo no modo de vida de comunidades situadas dentro do parque, especificamente a Vila Taperebá. Objetivou, ainda, apresentar a problemática vivida pelos pescadores artesanais de Oiapoque, os quais, após a criação do PNCO, passaram a ter acesso limitado nas áreas pesqueiras em que atuavam tradicionalmente.

 

IMG-20170118-WA0044Em sua maioria, os praticantes da pesca artesanal no município de Oiapoque são remanescentes da Vila Taperebá, comunidade que, de acordo com Cañete (2014), sofreu um processo de pressão velada por parte do poder público para abandonar a vila, uma vez que ela está situada dentro dos limites do PNCO. Caracterizada pelo uso de embarcações de pequeno porte e por atuar em águas rasas, a pesca artesanal é praticada próximo à costa em virtude da impossibilidade das embarcações utilizadas acessarem mar a dentro. Ocorre que, com a criação do PNCO, toda a costa onde os pescadores atuavam foi delimitada como a extensão marinha do parque. Tal fato inviabilizou a prática dessa atividade econômica tradicional da população que já habitava a região antes da criação da unidade de conservação de proteção integral evidenciada.

IMG-20170118-WA0045Ao agregar acadêmicos de vários cursos de graduação (História, Geografia, Biologia, Licenciatura Intercultural Indígena e outros), o minicurso oportunizou um olhar interdisciplinar para o dilema dos pescadores de Oiapoque, o qual, conforme Silva et al. (2012), compõe um dos cenários mais dramáticos em se tratando da prática da pesca artesanal no extremo norte do Brasil.         O evento ocorreu através de parceria com a ANPUH-AP e foi organizado pelos discentes do curso de História.

Após o encerramento do minicurso, a professora Ana Cristina Rocha Silva oficializou a entrega dos quatro volumes da Coleção Formação Regional da Amazônia, doada pela Editora do Núcleo de Altos IMG-20170118-WA0046Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA) para a biblioteca do Campus Binacional/UNIFAP.

 

 

 

Referências

CAÑETE, U. M. R. Pesca artesanal no Parque Nacional do Cabo Orange: contextos de conflito socioambiental e estratégias de manejo alternativo. Belém, 2014. 127 f. Dissertação (Mestrado em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia) – Universidade Federal do Pará, 2014.

SILVA, S. L.F.; CAMARGO M.; ESTUPIÑÁN R. A. 2012. Fishery management in a conservation area. The case of the Oiapoque River in northern Brazil. Cybium, v. 36, n. 1, p. 17-30, 2012.

 

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