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Processo Seletivo de Bolsista de Extensão para o Projeto Afrocientista

A Pró-reitora de Extensão e Ações Comunitárias (PROEAC) da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), através do Departamento de Extensão (DEX), no âmbito de sua competência, torna público processo seletivo de bolsista de extensão do PROJETO AFROCIENTISTA, de acordo com as disposições legais e regulamentares vigentes e as normas contidas no EDITAL Nº 21/2022 – DEX/PROEAC/UNIFAP DE 10 DE JUNHO DE 2022.

ACESSE O EDITAL:
https://www2.unifap.br/dex/edital-no-21-2022-dex-proeac-unifap-de-10-de-junho-de-2022/

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Resistência negra no meio do mundo: encontro de culturas africanas como transformador social no combate às violências urbanas

O que pensam e como vivem os sonhadores que, irmanados por um ideal de vida, compartilham histórias, desenvolvem projetos e constroem um “mundo alternativo” na Amazônia

 

(Em ação conjunta do Neab/UNIFAP, do Políticas do Corpo/UNIFAP e do bar Sankofa, foram trazidos para a Unifap moradores do quilombola urbano de Belém, Casa Preta. Na ocasião, foi organizado um debate sobre o filme “Preto sai, Branco fica” e uma oficina de batuque com alfaias, xequerês e tambores. Alunos e alunas do curso de Jornalismo da Unifap estiveram presentes na cobertura e produziram uma ampla reportagem sobre a temática da juventude negra, seus riscos e suas resistências; este é o resultado da disciplina Comunicação Comunitária, sob orientação da professora Lylian Rodrigues.)

O regime escravocrata no Brasil imprimiu severos abusos à população negra. A imposição de longas e forçadas jornadas de trabalho em consórcio com a realização de tarefas que exigiam esforços físicos descomunais; precárias condições alimentares, de higiene e habitação; tratamento venal, como se humanos não fossem, mas “coisas” que se podiam comprar, vender, trocar.

Qualquer resistência às condições desumanas impostas, os negros eram severamente punidos por feitores e capatazes que “gerenciavam” o trabalho escravo, reprimiam as fugas e simbolizavam a onipresença e onipotência dos “senhores” do regime.

Troncos, chicotes, açoites, chagas abertas, cicatrizes no corpo e na alma! Sob o “manto sagrado” da lei e da tradição social mais “nobre”, a desumanidade alçava voos inimagináveis incluindo a mutilação, a castração, a amputação de partes do corpo. A morte, talvez, representasse mais dignidade para homens, mulheres, crianças, adolescentes e idosos que viviam nessas condições.

A resistência ao sistema escravocrata, porém, sempre acompanhou a população negra! A forma podia se manifestar nos episódios de sabotagem, que atrapalhavam a produção de alguma fazenda, gerando prejuízo financeiro temporário. Podia ser traduzida no mbanza – a melancolia, a saudade da pátria-mãe originária, a aversão à privação da liberdade, resultante em greves de fome e até suicídios. A resistência também podia ser percebida nas fugas individuais e coletivas, sendo a formação do quilombo o símbolo maior dessa resistência.

A abolição de 1888 pôs fim ao regime escravocrata, mas não significou o fim das desigualdades entre brancos e negros, nem a cessação de atos desumanos contra a população negra e mestiça. O espírito escravocrata sobrevive, às vezes de forma brutal e visível, como nos altos índice de violência urbana que recai sobre a população negra jovem; outras vezes de maneira sutil, quase polida, como nas regras sociais de comportamento e padrões estéticos europeizados impostos indistintamente.

A resistência negra ganha formas diferentes nos dias de hoje e reedita antigas maneiras de se opor ao sistema opressor racista. Como no último dia 09 de agosto, quando aconteceu o Encontro de Culturas Africanas como Transformador Social no Combate às Violências Urbanas, nas dependências da UNIFAP. Estiveram presentes integrantes da Casa Preta de Belém, do Fórum da Juventude Negra, além de estudantes, pesquisadores e professores.

Coletivo Casa Preta: a experiência de um quilombo urbano

O Coletivo Casa Preta surgiu do encontro de quatro jovens negros no estado do Pará, no ano de 2008. Rafael Gomes e Anderson de Sousa (Don Perna), Lourenço Ribeiro (Negro Guinê) e Lamartine Silva (Negro Lamar).

Don Perna

DON PERNA (CASA PRETA)

Vanessa, faz parte do coletivo a 2 anos e explicou um pouco mais sobre o objetivo das atividades realizadas. “Eu faço parte de um coletivo, uma casa de Cultura, chamada Casa Preta, que fica em Canudos, fronteira com Terra Firme, um bairro periférico de Belém-PA.

A casa Preta nada mais é que um quilombo urbano, onde a gente trabalha na comunidade com a galera da periferia, levando o bloco firme que é um projeto da casa preta de percussão, também temos a roda de conversa das mulheres negras, e tem vários outros projetos que rolam, como exemplo: aulas de violão, aulas de yoga, capoeira, tudo nessa linguagem ancestral, da galera se reconhecer como negra”.

Vanessa

VANESSA (CASA PRETA)

Além disso, Vanessa, também contou que há 2 anos, não se reconhecia como uma mulher negra, pois não conhecia sua ancestralidade, não sabia da onde eu vinha. “Hoje em dia, eu já sei e eu tô muito feliz por isso, por fazer parte de um coletivo aonde eu posso saber quem foi Malcolm X, Lélia Gonzales, Nina Simone, Angela Davis, enfim, vários heróis negros que fazem a nossa história e eu acredito que é esse o objetivo, de conseguir mais pessoas, de entrar na periferia, e falar pra pessoa que ela é capaz, que ela pode, e é isso, porque hoje em dia o extermínio da juventude negra no bairro de canudos, no bairro da terra firme, que é um dos bairros mais populosos de Belém, é um dos bairros mais perigosos também, ainda é muito grande, então, o nosso objetivo é esse: de quilombo urbano”, finalizou.

Don Perna_ a convivência na casa preta

Don Perna: a convivência na Casa Preta (Vídeo)

Link da entrevista: https://www.youtube.com/watch?v=JRZgbF6WTHE

Entre os projetos desenvolvidos, destaca-se o de laboratório artístico fundamentado no Afrobeat, que é uma combinação de música yorubá, jazz, highlife, funk e outros ritmos africanos. Filmes que abordam a cultura e a identidade negra ensejam conversas, workshops e oficinas. O Baobá das Letras usa a tecnologia social para a resolução problemas comunitários, como a falta d`água, atendimento à saúde e educação. O Coletivo Casa Preta desenvolve ações e estimula a comunidade escolar a observar o cumprimento da Lei 10.639 de 2003, que determina a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira por meio de temas como história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.

A maior parte da mobilização de novas pessoas é feita pela internet, como na página do Facebook – link: https://www.facebook.com/coletivocasapreta/

Juventude negra amapaense: resistência e empoderamento

A história de luta do jovem negro amapaense não difere muito do cenário nacional, mas o pouco que o difere também o empodera. O estado do Amapá é conhecido como uma das regiões que aglomera grandes quilombos, e possui uma cultura negra mais presente e mais valorizada nos dias de hoje.

Mas nem sempre foi assim e isso também não quer dizer muita coisa, mesmo com a população amapaense sendo 73,9% negra ou parda. O número de jovens brancos nas universidades chega a ser quatro vezes maior que a de negros, mesmo com as cotas. Isso evidencia a falta de oportunidades de acesso ao ensino público, agravada pela ausência nos espaços de circulação social.

A juventude negra ainda é vista com o estereótipo marginalizado em Macapá, espalhada nas áreas periféricas – pontes, invasões. Sofre diariamente com o abuso da autoridade policial, com a intolerância preconceituosa dos olhares alheios atentos à cor da pele. Essa é a mesma polícia que, no mês de novembro, promove a segurança em um dos maiores eventos da cultura negra no estado, a Semana da Consciência Negra do Amapá, realizado pela União dos Negro do Amapá, a UNA, que tem sua sede no bairro do Laguinho, que ainda é marcado por iniciar a trajetória do Ciclo do Marabaixo, a maior manifestação cultural, religiosa e histórica da cultura negra no estado.

Nem tudo isso é capaz de tornar o direito de ir e vir, do jovem negro amapaense, algo seguro. O medo se resume aos feitos e desfeitos da polícia do estado, que justifica os índices alarmantes de violência contra a juventude como legítima defesa.

O jovem negro é silenciado por quem deveria proteger e servir. Desempoderam o que é direito na constituição para todos os cidadãos e os segrega do direito de ter seus direitos. As abordagens policiais têm sido cada vez mais violentas e temerosas. Quando chegam a virar denúncias de abuso são simplesmente arquivadas ou somem do sistema, há inclusive casos de mortes não relatadas.

O Fórum da Juventude Negra do Amapá surgiu em 2016, a partir do Encontro Amapaense da Juventude Negra. Trata-se de uma iniciativa que procura dar voz e visibilidade às ações, ideias e ideais da juventude negra amapaense.

O Fórum representa resistência e empoderamento, diante das tentativas de silenciamento e ocultação da história, memória, direitos e luta da juventude negra local.

“Branco sai, preto fica”: ficção estimulando o debate sobre a violência real contra jovens negros

A juventude negra busca o reconhecimento do seu direito de ocupar diferentes espaços sociais. Luta para que seus espaços habituais de pertença sejam respeitados, sem discriminações e preconceitos.

Exibição do filme Braco sai preto fica

Exibição do filme “Branco sai, preto fica”

Com uma mistura de ficção e realidade, o filme “Branco sai, preto fica” busca discutir, a partir de um acontecimento real, a violência policial cotidiana, a segregação da periferia e o racismo. No ano de 1986, em um baile de black music de Brasília, policiais militares invadiram a festa abordando inúmeros cidadãos e disparando vários tiros. Após o tiroteio, dois homens tiveram sequelas: um ficou paraplégico e o outro com a perna amputada. O próprio nome do filme remete, factualmente, a uma fala de um dos policiais durante a invasão ao baile.

Além do longa mostrar a realidade dos dois homens afetados pela violência policial desnecessária, o espectador é desafiado a compreender até que ponto as cenas são realmente realistas ou ficcionais. É o caso do terceiro personagem.  Dimas Cravalanças é enviado do futuro para investigar o que aconteceu na noite da invasão. Para isso ele “viaja” na sua máquina do tempo colhendo provas contra o estado brasileiro. Porém, essa máquina nada mais é do que uma caçamba de metal que simplesmente não sai de um terreno baldio. Metáfora das dificuldades encontradas pela juventude negra para sair do lugar comum socialmente imposto?

De acordo com o relatório da Anistia Internacional, o Brasil é o país que mais mata no mundo, em relação à força policial. No Rio de Janeiro, na Favela do Acari, por exemplo, entre os anos de 2010 e 2013, as vítimas geralmente eram homens (99,5%); negros (80%); e tinham idades entre 15 e 29 anos (75%). Em 2014, 15,6% dos homicídios possuía um militar como praticante. Segundo o documento, os policiais cometem os crimes em cidadãos que já se renderam ou que já estão feridos.

O Fórum da Juventude Negra no Amapá, FOJUNE-AP, também tenta, assim como o filme, desconstruir as questões do racismo e da violência contra os jovens, de forma a mobilizar toda a sociedade que se sinta sensibilizada com os diálogos e as articulações do espaço.

O Filme estimulou o debate no Encontro

O filme estimulou o debate no Encontro de Culturas Africanas como Transformador Social no Combate às Violências Urbanas.

CRÉDITOS

ROTEIRO

Gleidson Salheb

PRODUÇÃO

Alexandre Evangelista

Gabriel Marti

Camille Camilze

Gleidson Salheb

EDIÇÃO

Gleidson Salheb

FILMAGEM & FOTOGRAFIA

Gleidson Salheb

Amanda Paiva

Cindy Pantoja

REPORTAGEM

Amanda Paiva

Nicole Lemos

Cindy Pantoja

Igor Tiago

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2º Chamada para o Curso Extencionista “Legislação Antirracista e os Desafios para a Implementação de Políticas de Ação Afirmativa no Amapá”

O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) convoca todos os candidatos da LISTA DE ESPERA, para comparecerem no dia 30 de junho de 2016, para efetuarem  matricula  no Curso Extencionista “Legislação Antirracista e os Desafios para a Implementação de Políticas de Ação Afirmativa no Amapá”.

  • Será selecionado o candidato que efetuar a sua inscrição, conforme ordem de acesso, dentro do número de vagas, sendo considerado matriculado no curso.
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Resultado do Processo de Seleção para o Curso “Legislação Antirracista e os Desafios para a implementação de Políticas de Ações Afirmativas no Amapá”

O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros-NEAB/UNIFAP parabeniza os (as) candidatos(as) aprovados(as) e classificados(as) no processo de seleção para o Curso Extensionista ‘“Legislação Antirracista e os Desafios para a implementação de Políticas de Ações Afirmativas no Amapá”.

Foram realizadas 133 inscrições para o processo de seleção, sendo 66 candidatos(as) aprovados(as) e 19 candidatos(as) foram classificados(as) para aguardarem na lista de espera.

>> LISTA DOS APROVADOS
>> LISTA DE ESPERA

 Os(as) candidatos(as) aprovados(as) deverão pagar uma taxa de matricula no valor de R$ 20,00 apresentar os  documentos (original e cópia) abaixo listados, exclusivamente, no dia 28 de junho de 2016, de 9h até 19h,  na sala do NEAB, localizada no Prédio do Centro de Estudos e Pesquisas da Amazônia (CEPA), em frente ao Restaurante Universitário (RU), na Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).

1 – RG
2 – CPF
3 – Comprovante de Residência
4 – Atestado de Matrícula ou Vinculo Institucional (para estudantes, técnicos-administrativos (as) e docentes)
5 – Contra-cheque (para servidores públicos Estadual e Municipais)
6 – Declaração de participação em  Movimentos Sociais

Os(as) candidatos(as)  na lista de espera deverão aguardar a 2º chamada, no dia 29 de junho de 2016, caso seja convocado na 2º chamada o(a) candidato(a) deverão efetuar sua inscrição, exclusivamente,  no dia 30 de junho de 2016, de 9h até 19h,  na sala do NEAB, localizada no Prédio do Centro de Estudos e Pesquisas da Amazônia (CEPA), em frente ao Restaurante Universitário (RU), na Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), sendo necessário a apresentação dos documentos acima listados (original e cópia).

A Comissão de Seleção, a fim de alcançar o público jovem e negro, decidiu por  ofertar 20 vagas  para participantes na condição de ouvintes que atenderem os critérios definidos abaixo:

  • Ser Jovem Negra (o);
  • Ser estudante de escola pública;
  • Morar em periferia ou área de vulnerabilidade;

Os ouvintes deverão efetuar sua inscrição, exclusivamente, no dia 30 de junho de 2016, das 9h às 18h, conforme ordem de chegada, dentro do número de vagas.

Mais informações:
Telefone: 4009-2811
E-mail: neab@unifap.br

 

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Revista Eletrônica Arma da Crítica

Temos a satisfação de comunicar que a Revista Eletrônica Arma da Crítica está recebendo trabalhos para publicação de sua segunda edição comemorativa dos 10 anos de fundação da Linha Marxismo, Educação e Luta de Classes, do Programa do Pós-Graduação em Educação Brasileira da Universidade Federal do Ceará.

Os trabalhos submetidos deverão estar em acordo com a linha editorial e seguir as normas de publicação, que poderão ser consultadas na página da Revista.

O prazo para submissão de trabalhos se estenderá até 15 de setembro de 2016 .

Mais informações: http://www.armadacritica.ufc.br/